- Carmine Mirabelli (02/01/1889 – 30/04/1951) - O Médium
Por Inácio Alves de Queiroz Neto
- Carmine Mirabelli (02/01/1889 – 30/04/1951) - O Médium
Por Inácio Alves de Queiroz Neto
Médium brasileiro de efeitos físicos. Considerado como um dos maiores médiuns de efeitos físicos do mundo. Além das frequentes levitações, materializava objetos e pessoas desencarnadas.
Carmine Mirabelli, ou Carlos Mirabelli, como ficou conhecido entre nós, nasceu na cidade de Botucatu (SP). Foram seus pais Luigi Mirabelli, pastor protestante italiano, e Dona Christina Scacciata, ambos imigrantes italianos, radicados no Brasil, e bafejados pela fortuna.
Carmine Mirabelli, ou Carlos Mirabelli, como ficou conhecido entre nós, nasceu na cidade de Botucatu (SP). Foram seus pais Luigi Mirabelli, pastor protestante italiano, e Dona Christina Scacciata, ambos imigrantes italianos, radicados no Brasil, e bafejados pela fortuna.
Descendente de ilustre família da Itália, um tio, Comendador Giuseppe Mirabelli, desencarnou em Mar Del Plata, Argentina, deixando seus bens para Luigi Mirabelli. Uma herança de mais de 400 contos de réis, na época apreciável fortuna. Seu pai, homem de boníssimo coração, seguidor da doutrina luterana, com uma prole de 28 filhos cuidou de educá-los.
Carlos Mirabelli estudou com professores particulares. Posteriormente ingressou no afamado Colégio São Luiz, em Itu, dirigido por padres. Foi nesse colégio que começaram as primeiras manifestações, através de sua mediunidade, e que mais tarde assombrariam o mundo. Um dia o jovem Carmine Mirabelli passou a dissertar em latim, idioma que ignorava, sobre o tema: “Evolução e Involução”. O fato acabou por obrigá-lo a deixar o colégio.
Nessa altura, seus pais haviam sofrido sérios reveses e perdido quase toda a fortuna. Não podendo continuar os estudos, resolveu transferir-se para a Capital de São Paulo. Inteligente e ativo, procurou um amigo, que o colocou na Companhia de Gás. Desdobrou-se nas suas atividades, viajou para a Alemanha, onde, dentro de sua especialidade, realizou altos negócios, trazendo para São Paulo novos e modernos equipamentos em camisas automáticas para lampiões de gás, as quais lhe renderam um bom dinheiro, permitindo-lhe recuperar um pouco a fortuna de seus pais.
Casou-se e, em 1913, ingressou na Cia. de Calçados Clark.
Foi promovido à subgerência da firma, mas, em seguida, irromperam os inusitados fenômenos, que deixaram todos em polvorosa. As caixas de sapatos começaram a voar, como se criassem asas; enorme balbúrdia, ninguém sabia de nada, nem ele próprio, que ignorava a sua mediunidade. “Coisas do diabo”, pensava a maioria. Foi chamada a polícia. O padre apareceu para exorcizar, e tudo continuava no mesmo. Sensacionalismo na imprensa, até que se descobriu que ele, Mirabelli era o provocador de tudo aquilo.
Foi logo dispensado da firma e tudo voltou ao normal. Por sua capacidade e conhecimento admitiram-no na Cia. de Calçados Vilaça, repetindo-se ali os mesmos fenômenos, de forma assustadora. Concluíram que ele deveria ser internado num hospício.
Foi internado no Sanatório de Juqueri, onde os médicos, os mais afamados de São Paulo em Psiquiatria, tendo à frente os doutores Filipe Ache e Franco da Rocha, em junta médica, puderam constatar sua boa sanidade mental. vendo nele o mínimo indícios de alienado mental. Deram-lhe alta.
Transferiu-se para o Rio Janeiro e nessa Capital continuaram os extraordinários fenômenos. Sua vida passou a ser de verdadeiro martírio, pois além dos Espíritos amigos familiares, a sua mediunidade ensejava a presença de Espíritos menos esclarecidos, zombeteiros e brincalhões, que usavam de expedientes, para as mais incríveis peripécias, como as ocorridas na Casa Clark, sendo que ele próprio muitas vezes foi vítima de rudes agressões com ferimentos graves…
Os Espíritos atrasados promoviam verdadeiras desordens. Objetos transportavam-se de lugar, chegando a quebrar-se. Contou o Dr. Clarlos Imbassahy que, certa vez, o hospedou em sua residência em Icaraí, Niterói, e de imediato começaram os fenômenos. Estavam todos na sala de visitas conversando, e de repente um espelho de cristal, com mais de um metro, que se encontrava no “hall” de entrada, atravessou a parede e foi cair no meio da sala em pedaços. Outros objetos já haviam voado das prateleiras, o que levou a Srª. Maria Imbassahy a solicitar que, pelo Amor de Deus, Mirabelli se transferisse para um hotel.
O periódico O Estado de São Paulo, em 18 de maio de 1916 cobriu a materialização, pelo médium, do espírito do ex-bispo da Diocese de São Paulo, D. José de Camargo Barros, em sessão ocorrida na cidade de Santos. Estiveram presentes médicos e oficiais da Força Pública de São Paulo. O Vanguarda, de fevereiro de 1933, abordou a materialização, pelo médium, do espírito de São Francisco de Assis. Outras materializações que chamaram a atenção à época, foram as dos espíritos de Giuseppe Parini e de Harun al-Raschid.
Nas experiências psíquicas, Mirabelli era amarrado e as vezes ficava com o mínimo de roupas no corpo, para que todos tivessem a certeza que suas demonstrações mediúnicas não fossem fraudes.
Carmine Mirabelli também foi pesquisado por famosos investigadores internacionais, ilustres homens de ciência.
Dr. Hans Driedsch, lente da Universidade de Leipzig (Alemanha); outro alemão, o químico Dr. Johan Reichenbach; o literato inglês, Douglas Ainslie, na oportunidade adido à Embaixada inglesa, em Paris; o Professor Tito Guarnieri, ilustre farmacêutico e químico, de Milão; Dr. H. H. Theunisse, holandês respeitado por suas investigações no campo psíquico. Todos esses investigadores permaneceram por longo tempo estudando a mediunidade do famoso médium brasileiro. A ciência médica o examinou exaustivamente, jamais comprovando uma fraude sequer.
Mirabelli com a maior boa vontade permitia que se realizassem todas essas investigações, criando instituições para facilitar esse trabalho. Fundou a Academia Brasileira de Metapsíquica do Rio de Janeiro, o Centro de Estudos Psíquicos César Lombroso e o Instituto Psíquico Brasileiro, os dois últimos no Estado de S. Paulo.
O médium foi encarcerado várias vezes acusado de exercício ilegal da Medicina, furto e também por perseguições políticas, mas mesmo detido, envolvia as pessoas com seus dons e sua generosidade. Era considerado muito eloquente e comunicativo, apreciava a natureza e gostava de fumar charutos e cachimbos.
Mirabelli era portador de diabetes. Por muitos anos, só conseguiu dormir em quartos iluminados, uma vez que temia a ocorrência de fenômenos desagradáveis enquanto dormia.
Por certa fase de sua vida Mirabelli chegou a cobrar por seus serviços mediúnicos, desagradando aos espíritas. Entretanto, Mirabelli não perdeu os seus dons com o avançar da idade. Existem relatos de que os seus fenômenos foram observados até 1950, poucos meses antes de sua morte.
Por diversas vezes escapou de desastres automobilísticos, graças ao seu conhecimento prévio do que iria acontecer. Viajava, um dia, para Jaboticabal (SP) a fim de realizar uma sessão, quando repentinamente pediu que todos se agarrassem, porque um carro em sentido contrário se chocaria com o seu. Diminuiu a marcha e dois minutos depois ocorreu o choque. Felizmente nada aconteceu de grave.
Os prognósticos infelizes tiveram o seu desfecho trágico; em 1º de maio de 1951, ele foi atropelado por um FORD 1938 na Av. Nova Cantareira, em S. Paulo, desencarnando no desastre aos 62 anos de idade.
Os fenômenos produzidos por Carmine Mirabelli eram de fato extraordinários. Quando em transe ele falava vinte e oito línguas diferentes e escrevia em outras tantas; ainda em transe mediúnico, ele dissertava com critério e grande lucidez sobre Medicina, Direito, Sociologia, Economia, Política, Teologia, Psicologia, História Natural, Astronomia, Física, Filosofia, Lógica, Música, Ocultismo, Naturalismo, defendendo teses exaustivas sobre todos esses assuntos.
Mediunizado, escrevia, em vinte minutos, uma mensagem que ao natural levaria algumas horas. Na produção de efeitos físicos impressionava pelos fatos produzidos, como: levitação, transporte de objetos, desmaterialização de corpos orgânicos e inorgânicos, ruídos, pancadas, etc. Certa vez, materializou-se um Espírito em plena luz do dia, visto por dezenas de pessoas. Ele próprio se desmaterializou por vezes, voltando a se materializar a centenas de quilômetros.
Em meio a toda essa sorte de fenômenos, Mirabelli, de repente, foi tomado por Espíritos pintores e começou a pintar, em curto espaço de tempo, telas maravilhosas, a crayon, aquarela, óleo e outras modalidades. Em pouco tempo forma-se uma galeria com mais de 40 quadros, de famosos pintores do Além. São retratos, grupos, paisagens, flores, pássaros, animais, tudo de uma beleza sem par. Mirabelli nunca estudou pintura ou desenho. Não ficou só na pintura, também entrou pelo terreno da música, executando ao piano, sem conhecer música nem os teclados, obras de Wagner e outros músicos famosos, grande perfeição. Ao violino tornou-se virtuose quando incorporado pelo Espírito Paganini! Numa reunião em Santos, tocou várias peças ao violino, numa corda só, como em vida terrena fazia Paganini, em Paris. Tudo presenciado por uma plateia cultíssima e estupefata.
Referências:
A Casa da Mãe Pobre - Carmine Mirabelli
A Casa da Mãe Pobre - Carmine Mirabelli
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